Esse é o 'Resumo da Jornada' do Handebol português, no relato do título da equipe do Porto...pelo Mestre em Treino Desportivo,Antônio Cunha / FADEUP. É uma boa lição de casa...e recebi hoje!
'O resumo da jornada desta semana vai dedicar-se apenas a abordar do título conquistado no fim de semana pelo FC Porto, deixando para trás mais uma vitória tardia do Marítimo sobre o S. Bernardo ou a vitória caseira do Benfica sobre o Belenenses.
Já aqui escrevemos quase tudo sobre o que achamos desta vitória do FC Porto. Os portistas conquistaram o campeonato de uma forma absolutamente merecida, tendo-se revelado bastante superiores aos adversários mais directos, Sporting, ABC e Benfica. A sua superioridade, deve dizer-se assenta, para além de diversos pormenores de jogo que fazem do clube uma equipa mais eficiente e sólida, a outros factores como o enfraquecimento dos adversários. O ABC debaixo de uma grave crise financeira e de lesões; o Sporting, com um técnico demasiado "verde" e altivo para que o conjunto de jogadores à sua disposição rendesse tudo o que pode desde a jornada inaugural e um Benfica mergulhado na incapacidade de um treinador e de um grupo de dirigentes em fazer com que os jogadores façam o seu papel e não mandem no clube. Evidentemente que o FC Porto não tem culpa nenhuma disto e partiu para o campeonato como se de adversários a sério tivesse, encarando de forma profissional a época que tinha pela frente e isso fez a diferença.
Os leitores estão, naturalmente, à espera que aqui façamos uma apreciação a Ljubomir Obradovic, de quem tecemos inúmeros comentários pouco abonatótios. São muitos os que atribuem este título à capacidade do técnico portista. Ora nós, aqui no "7 Metros", consideramos que o treinador tem algum mérito nesta conquista e da sua actuação destacamos, pela positiva, dois factores:
O primeiro tem a ver com a reinvenção de Tiago Rocha como defensor.Nenhum treinador até agora tinha tido a visão ou a capacidade de risco para colocar o pivot no 6:0 com que o FC Porto defende e Obradovic fê-lo, ganhou a aposta e ainda foi premiado com o facto de termos visto o jogador a arricar em finalizações mais próprias de um lateral.O segundo mérito de Obradovic passa pela importância que atribui ao aspecto físico, algo que lhe esta nos genes balcânicos. O treinador preparou melhor que qualquer outro, a capacidade física da equipa e isso permitiu-lhe adoptar um tipo de jogo pouco usual no país e com isso fazer a diferença, ou seja, o FC Porto jogou rápido, simples, descomplicado e eficiente, características que nenhuma outra equipa descobriu serem as fundamentais para o andebol moderno, pelo que a vantagem vista em campo foi precisamente essa.Mas, Ljubomir Obradovic não foi apenas méritos. Se é certo que o jogo do FC Porto assenta numa defesa sólida que permite posterior jogo rápido, nomeadamente, no contra-ataque, também é visível que o tipo de jogo dos bicampeões nacionais não é um jogo criativo, na sua vertente ofensiva, e não prima pela diversidade no que toca a soluções de ataque organizado. O treinador dos portistas tacticamente, reafirmamos, é limitado e não mostrou nada de especial. Por outro lado, será visto como o treinador que conseguiu transformar uma promessa sólida do andebol português, numa nulidade. Falamos de Nuno Grilo. Obradovic, enquanto investia em Tiago Rocha, "matava" o jogador vindo de Aveiro. Ainda no que toca a aspectos negativos observados no trabalho do sérvio, poderemos apontar o conflito dos pontas. Dario Andrade foi sub-aproveitado, tendo o jogo do FC Porto sido jogado preferencialmente pela direita onde está o capitão Ricardo Moreira. Moreira teve uma excelente época e correspondeu mas, lá está, caso a criatividade e diversidade do ataque fosse assegurado por Obradovic, teria sido equilibrado o fluxuo atacante da equipa pelos dois extremos e quem o deveria assegurar era o técnico.E com o título merecido, restará aos adversários, sobretudo Benfica e Sporting, aprenderem a lição e reconhecerem que o paradigma do andebol nacional mudou com aquilo que os portistas introduziram no campeonato: um jogo mais rápido, dinâmico e empenhado. Será a vez dos adversários directos encararem estas variantes como essenciais para a próxima época, deixando de lado o jogo lento e maçador com que nos brindavam ano após ano, sob pena de verem o FC Porto continuar a dominar o andebol nacional usando apenas estes atributos simples.'
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